terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Mini-férias: parte 2

Essa vai rápido!
Acordamos no dia seguinte, friozinho típico da altitude. Quando em viagem acontecem duas coisas comigo: eu dificilmente consigo jantar, apesar de me entupir nos almoços, e eu acordo cedo (o cedo das pessoas normais, já que eu adoro uma cama), lá pelas 7h. Tranquilamente nos asseamos e fomos procurar algum lugar pra fazer o desjejum.
Depois fomos à procura de uma agência e tivemos uma notícia das piores pra mim. Os passeios saem as 10h, ou seja, se tivessemos buscado de cara uma agência poderíamos ter partido no mesmo dia pro passeio. Aí vocês (oi, tem alguém aí?) podem pensar 'nossa, ele nem queria conhecer a cidade, e pá', mas a coisa é que eu já tinha sacado qual era a da 'cidade'. Devíamos chamar de povoadinho. Era um simples ponto de partida pras viagens, então não tinha muito o que fazer. Enfim, compramos nossos pacotes (a dica é simples, dá pra ir com os mais baratos, porque no fim as agências se juntam e vai todo mundo misturado, a não ser que esteja especificado uma noite em algum hotel de sal, aí sim é mais caro). E passeamos. Trinta minutos depois já conhecia a cidade como a palma da minha mão.
Tivemos uns contratempos com a crise financeira, que acompanha qualquer viajante com cartão de crédito internacional, porém ainda tinhamos metade do dia por lá. Resolvemos ir no mercado central, tirar umas fotos, só que antes fomos tirar umas fotos da estação ce trem e de uns monumentos próximos ao quartel onde estavam os ladrões dos nossos assentos do trem. Aí aconteceu uma coisa chocante. De repente, enquanto eu sacava uma foto se acerca um tipinho e me ameaça a tirar minha camera, só porque estava com uma camera na mão. Ficou a dúvida: estava ele me confundindo com um camba (os habitantes de Santa Cruz, que como se noticiou aqui no Brasil não se dão nada bem com os collas, ou seja, os bolivianos ocidentais) ou se era um golpe pra levar minha camera de presente.
Depois do susto resolvemos descansar. Compramos umas cervejas e ficamos esperando a tarde se esvair. Quando já era noite fomos procurar um lugar pra jantar. Achamos esse restaurante muito simpático, com boa comida e trilha sonora. Puro estrangeiros por lá, inclusive três francesas que acabaram chamando nossa atençao. Ainda teve uma atração: chega um tarabuqueño e tenta enganar a gente com dança e seu charango, mas teve lá o seu charme.
Por fim, acabamos voltando ao hostal e descansamos para o dia seguinte.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Mini-férias: parte 1

Aí, eu e a Thaís nos cansamos das aulas e resolvemos conhecer a Bolívia. O mais divertido é que além dos nossos amigos de lá nos apoiarem a conhecer (claro que o típico boliviano não conhece, assim como o típico brasileiro quer ir pros USA e esquece daqui...) os professores diziam: "Isso mesmo, tem que conhecer", e a gente: "Mas não tem problema faltar?", e eles: "Imagina, vamo lá galera".
Então, somado a um pequeno probleminha com a U e com a imigração (em resumo emitiram o visto errado pra gente e ficamos quase ilegais, se não fosse o jeitinho brasileiroi) resolvemos conhecer o famigerado Salar de Uyuni, sonho de consumo do meu pai.
Reunida informação, tickets na mão (não resisti à rima) acordamos as 5 da manhã rumo a Oruro, pois de lá sairia o trem em direção à Uyuni (assim como os ônibus, mas nossa docente de História da Bolívia nos recomendou o trem por ser mais seguro).
A previsão era de estar lá as 11h, mas como bons bolivianos acabamos por chegar quase as 13h. Fomos direto pra estação de trem, mas estava fechada e só abriria as 15h. O "engraçado" era que tinham muitos militares por lá e a Thaís brincou "espero que não estejam indo pra lá, senão vamos ficar sem lugar". Como teríamos que esperar um tempinho resolvemos almoçar e passear pela cidade, famosa pelo Carnaval e consequentemente pela Virgem do Socavón (sencretismo ao máximo), e pelo prato chamado rostro asado. Passeamos pelo mercado campesino de lá; conhecemos um brasileiro que já não falava um português moderno (um portunhol às avessas); e presenciamos um pré-carnaval que inclusive tinha a ala da velha guarda (mas tavam enchendo a cara). Então voltamos pra estação, pra ver uma confusão porque as pessoas não conseguiam interpretar que a máquina chamava pelos números dos papéizinho, naquele esquema de tentar organizar uma fila. Quando fomos chamados tivemos a péssima noticía de que os lugares pra classe execuiva e média estavam esgotados, e como bons entusiastas não desanimamos e fomos na popular. Ah, por sinal realmente os militares ocuparam os melhores assentos.

Restavam então umas quatro horas e resolvemos conhecer o restante da cidade. Dez minutos depois já haviamos voltado pra estação.
Brincadeira, apesar de não ter nada pra fazer lá nessa época do ano (a cidade é literalemente um povoado de 220 mil habitantes no meio do nada, apesar de já ter sido importante centro mineiro) fomos conhecer o Santuário da Virgem do Socavón, onde o Carnaval é celebrado em homenagem à Virgem. O legal da coisa é que o sincretismo é muito forte. Há umas pinturas dentro da própria igreja misturando o folclore indígena com os personagens bíblicos. E em baixo da igreja se encontra um socavón, ou seja, as minas, que hoje são apenas turísticas (a extração no departamento de Oruro é feita atualmente na região de Huanuni, onde em 2005 houve um enfrentamento de mineiros e saldo de 67 mortos). Enfim, pudemos ter um gostinho da onde se comemora o Carnaval boliviano com todas suas belas danças e da mineração, que mais tarde conheceria mais a fundo (ah, pegou o trocadilho?).
As 19h estavamos embarcando nos vagões populares, que pareciam-se também com vagões de carga. Não porque tinha feno e animais, mas porque Oruro é como o Paraguai: a galera vai lá comprar a muamba geral. Os bancos eram super confortáveis, não reclinavam, eram feitos pra bolivianos (olha, eu não sou grande, mas por lá passei aperto literalmente), um tipo colocou as muambas dele na minha frente eu eu não podia esticar as pernas (mas eu suspeito que ninguém podia). O bom é que foram apenas 7 horas!. Eu não dormi nada, mesmo porque as luzes se apagaram por pouquíssimo tempo. Pelo menos tinham dois alemães que conversaram um pouco com a gente. Eles não estavam muito incomodados, acho que por causa de terem vivido um ano na Índia... E o que me incomodou foi de eles estarem indo direto pra Villazón, no fim da linha porque iam pra Santiago e iam perder o Salar. Ah, a expectativa já era grande!
Finalmente chegamos as duas da manhã, um frio da... quilo. Fomos direto pro primeiro hostal que avistamos e tentamos dormir, mas o frio não ajudava em nada.

Poizé!

Com uma pilha de coisas da viagem aqui do meu lado e uma preguiça que demorou 16 dias pra passar aqui virão meus relatos!

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

...

É, realmente não tenho postado muito, como fez questão de ressaltar minha querida amiga Thaís. E não esperem mais de mim, hahaha!
Agora sério, estou entrando em período de provas e passarei boa parte desse mês viajando, então aviso a vocês que é beeem provável que termine de contar todas minhas histórias por aqui em dezembro. De quebra vou colocar 100% das fotos que tirei em um álbum virtual, ok?

Obrigado,

A gerência.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Stop!

Ok, supostamente deveria contar a vocês da viagem que acabou me levando até o Chile, mas é que tenho que contar primeiro de uma coisa muito legal que tem por aqui e que no Brasil não acho tão divertido: os barzinhos (ou barezinhos?), chamados aqui de boliches.
Que têm de tão especial? Música boa, aliás, muito boa, ambientes muito aconchegantes e cardápios muito bons - só falta a polentinha frita! Sempre vamos, seja só eu e Thaís para jogar um xadrez no Casablanca, ou no Dali com a Grethel e o Fernando, ou no Picasso com a Sol jogar cacho, ou colocar o papo em dia com Alvarito no Nakuna bebendo uma Negra Modelo... Enfim, são lugares bem legais e diferentes das salteñarias e das casas de chá que lotam respectivamente na manhã e na tarde de cochalos famintos!
Uma das coisas que mais chamam a atenção é que em todos é altamente recomendado e incentivado pelos meseiros jogar algo (xadrez, dama, cacho, resta-um, etc.) para animar as conversas. A música sempre é de alta qualidade, passando desde rock clássico até uma eletronicazinha. E uma coisa que só percebi quando me disseram é que a população desses lugares, além de bonita, é formada em boa parte por estrangeiros.
Acho que todo mundo que vem pra cá quer um desses em seu país!

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Notícia

Como prometido (que postaria mais) vai aqui uma rapidinha: estou no Chile!
Abraços!

sábado, 27 de setembro de 2008

Ah, o ''presente dos deuses''

Tem tanta coisa de política pra se contar, mas ainda faltam algumas peças no quebra-cabeça pra entender essa coisa aqui.
Enquanto isso estou podendo apreciar essa coisa tão boa chamada cerveja! Como a culinária, cultura e sotaques de regiões que em todo o mundo se percebe, aqui os departamentos (estados) bolivianos tem geralmente uma cerveja típica. E a boa nova é que todas são muito boas.
Basicamente uma empresa que produz, a Cerveceria Nacional Boliviana.
As principais marcas são: Taquiña, Stout e Amber (Cochabamba), Paceña Pico de oro (a mais consumida do país) e Paceña Centenária (La Paz), Potosina (Potosí), Sureña (Chuquisaca). Há outras marcas sem identidade departamental, como a Bock (7% de graduação alcoólica), a El Inca bi-cervecina (tipo Malzbier) e a Ducal (a única que não pude experimentar).
Há também uma iniciativa de concorrência da Cerveza Auténtica, da Compañia Cerveceira Boliviana, mas com um nicho muito especifico em El Alto e La Paz.
A melhor para mim é a Potosina, que apesar de não formar uma espuma consistente tem um sabor incrível, comparado apenas com a Eisenbahn Pilsen no Brasil. A mais consumida é a Huari, que tem um status de Bohemia e realmente é muito boa.
Tive também a oportunidade de experimentar duas cerveja mexicanas: a famosa Corona (aguaaada) e a Negra Modelo, uma amber lager muitíssimo agradável.
Uma pena não ter polenta frita por aqui pra acompanhar bebidas tão saudáveis e saborosas...

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Ausência

Como explicar essa falta de interesse? Não, realmente fui relapso e flojo, mas tive meus motivos.
Provas, pouco acesso à internet (não por falta de infra-estrutura, já que a internet é como o celular no Brasil... aliás o celular aqui é coisa que até as chollas têm, mas isso é um futuro assunto), tristeza e irritação pelo Google, tão amado por mim, ter apagado meu Orkut. Como meus pais e amigos se preocuparam por mim, digo de uma vez: aqui em Cochabamba não ocorreu nada do que a TV brasileira mostrou sobre os conflitos bolivianos (ok, uma manifestação de mineiros aconteceu na praça principal, mas eles só arremessaram algumas bananas de dinamite).
Agora que aparentemente passaram os períodos tormentosos vou tentar voltar a contar um pouco do meu cotidiano (droga, entrei na famosa rotina), de política, de comidas, de cervejas, e de umas viagens que estão por ocorrer: há!

P.S.: Boa notícia: o Google voltou atrás com sua decisão mesquinha!

sábado, 13 de setembro de 2008

Duas coisas que odeio e uma que gosto

Poderia falar sobre as coisas que mais gosto aqui, mas estou muito estressado. Faz tempo que não escrevo por aqui e realmente não estou tendo muito acesso à internet.
Odeio filas (ou a ausência, melhor dizendo). Aqui se você quer ser respeitoso e formar uma fila, já era, malandro, espere uma eternidade porque sempre alguém vai entrando pelos lados.
Odeio o serviço público. Estou a beira de uma crise de nervos. No Brasil somos mal atendidos. Aqui além da falta de polidez no atendimento, não sabem informar nada e sempre se acaba fazendo a coisa errada.
Uma coisa que gosto é não entender ainda por completo qual é a dos bolivianos. Tudo ainda é um mistério pra mim. E digo principalmente da política, que sempre me fascinou e juro não ter ainda uma opinião sólida do porque as coisas estão acontecendo assim. Tenho lido muito, assistido documentários e conversado com as pessoas que parecem ter opiniões mais sérias.
E, para a tranquilidade de quem possa estar preocupado com as notícias, está tudo bem aqui em Cochabamba. O povo daqui é bem apático à situação política que o país vive, principalmente depois dos incidentes da Guerra da Água de 2000 e do 11 de janeiro de 2007.

sábado, 30 de agosto de 2008

Refrescos

Essa semana eu fui muito feliz! Na U estão vendendo Guaraná Antártica!
Pra quem não sabe, além de ser meu refrigerante favorito, os refris daqui não são exatamente do meu paladar. A Coca é insossa, sem gás e tem um cheiro estranho. Tudo bem que meu paladar e o da Thá são bem diferentes (o meu é mais apurado, hahaha), mas essa Coquinha não me convence. Assim como a Fanta Naranja, a Sprite e a Fanta Mandarina. Essa última até tinha me atraído no começo, mas um problema é que não há muito padrão. As vezes está boa, as vezes nao.
Se bem que aqui tem Seven Up (uhu!). Não lembrava mais do sabor: é muito boa! Porém os méritos vão pra linha de refrigerantes Simba, da Coca-Cola Company, e para a Fresca, também da Coca. A Fresca é idêntica ao Simba Pomelo, que são idênticos a Schwepps. Têm também outros sabores, dos mais gostosos Piña e Papaya (tem também Guaraná e outros mais estranhos que não me lembro agora). Porém a bebida que mais me encantou por aqui é assunto pro meu próximo post.

sábado, 23 de agosto de 2008

Culto à...

Obviamente que aqui como o idioma é outro eu não esperava ouvir as mesmas musicas que no Brasil. E até me surpreendi com algumas coisas que tenho ouvido. Nada de Maná, Shakira ou Juanes. Eu pouco conhecia de música latina ou em castelhano, das que lembro as famosas argentinas (Attaque 77, Soda Stereo, Fito Paez, Bersuit Vergarabat, Motolov, Gotham Project, Él Mató a un Policía Motorizado), os mexicanos do Café Tacuba e aqueles Los Hermanos, ops, esses não.
Aqui quase não se ouve outra língua nas musicas, ainda mais com os fenômenos do reggaeton e da cumbia argentina. Praticamente é o efeito funk carioca repetido em nossos vizinhos sudamericanos. Aparentemente essa musica da massa que fala muita coisa suja e sem sentido pra maior parte da população toca em outros países que hablan españa. Em todo caso, pouca coisa que ouvi por aqui me agradou, mas o que mais tem me agradado são os filmes e a literatura.
Não os filmes que passam na TV, as peliculas inéditas no melhor sentido: hoje as 19h passará Hancock! Engraçado, no Brasil temos uma pirataria gigantesca, mas aqui vários canais passam as cópias telesync, ou seja, aquelas que são filmadas no cinema e caem na internet. Os filmes que tenho visto são muito bons, graças ao querido e novo amigo Alvarito, que tem um bom gosto muito grande. Me recomendou vários filmes em espanhol, não só alguns bolivianos, mas também argentinos, peruanos e mexicanos, todos excelentes. Ficam recomendados: El traco (boliviano), sobre um mega assalto que ocorreu na década de 70, e Voces inocentes (mexicano), ganhador de um Urso de Cristal em 2005 que fala sobre a guerra civil salvadorenha.
Outra coisa legal que conheci aqui é o grupo de comediantes Les Luthiers, 5 argentinos que desde o fim dos anos 60 fazem comédia musical. Muito bom, lembra um pouco os Monty Python, mas menos ácido.
Quanto à literatura logo que cheguei pedi dicas de autores bolivianos. Logo de cara Alvarito me disse: Marcelo Quiroga Santa Cruz com sua novela Los Desabitados. Ainda não consegui começar a ler por que estou lendo um livro de anedotas e Presidencia Sitiada, de Carlos Mesa, ex-presidente boliviano e historiador (inclusive tenho que comprar seu outro livro Historia da Bolivia para minhas aulas homônimas). Aqui ele narra sua ascensão desde jornalista à presidente, de um ponto de vista muito pessoal e subjetivo. Estou conseguindo entender muito mais a politica, de uma forma local e global, e principalmente a sociedade boliviana. Encerro esse post com um paragrafo seu que demostra meus objetivos aqui nesse país tao singular:
''Me volví a conocer, me reconocí quizás en una respuesta íntima. Era posible concectar dos percepciones en una sola, era posible hacer florecer la piel, desnudarla de la coraza gélida indispensable de lo intelectual. En esos pocos minutos entendí muchas cosas. Una fascinación, una forma seductora, un juego de abalorios peligroso, el vendaval veleidoso que hace que una misma masa te lleve al trono o al cadalso, porque la emoción es como un huracán que se lleva hasta la última brizna, a la gloria o al desastre.''

sábado, 16 de agosto de 2008

A Festa da Virgem de Urkupiña

Numa explicação rápida:
A Virgem de Urkupiña (também chamada de Urqupiña ou Urcupiña) é uma aparição da Virgem Maria, padroeira de Quillacollo, uma província de Cochabamba, e foi nomeada Patrona de la Integración Nacional pelo governo da Bolívia. Reza a lenda que a Virgem Maria apareceu para uma pastora que estava cuidando seu rebanho nas montanhas. Quando informou à população sobre seu encontro a menina disse que a Virgem havia aparecido na orqopiña, em quéchua "nas montanhas", daí o nome Urkupiña.
Fui nessa quinta para Quillacollo, quase uma hora de viagem por uma estrada que parece muito com o caminho entre Campinas e Americana, aquela transição entre cidade grande e uma menor cheia de industrias pelo caminho (ok, aqui não tem tantas, mas lembra muito).
Segundo Natanael, uma amigo cochalo, os bolivianos são um dos povos mais festivos do mundo: se não estão brigando estão com certeza festejando. E as festividades dessa ultima semana provaram isso: enquanto em Santa Cruz ocorreram violentos confrontos entre população e policia, aqui em Cochabamba tivemos 4 dias de festa.
As festividades em honra a Virgem se concentram nessa semana do dia 14 de agosto. Começa com a entrada autoctona, onde os indígenas e descendentes desfilam em homenagem à Urkupiña, numa demonstração incrível de como o povo daqui é tao sincrético como os baianos.
No dia seguinte vem a esperada "Fastuosa Entrada Folklórica" do dia 14.
Foram cerca de quinze mil bailarinos e músicos, muito parecido com o Carnaval de Oruro, mas em menores proporções (pelo que vi e ouvi). São diversos grupos: caporales, morenos, orureños, etc, cada qual com suas alegorias tipicas, musica de acordo com suas danças e uma alegria contagiante. Diz-se que mais de 500 mil pessoas frequentam a festa todo ano, a ponto da maior cervejaria de Cochabamba (a gostosa Taquiña produzir uma edição especial da lata para a festa).

Ontem, dia 15 de agosto tiveram missas por todo o dia e alguns grupos repetiram o desfile. Hoje talvez seja o ápice da festividade com a romaria às montanhas onde supostamente a Virgem apareceu. Saem durante a madrugada e ao chegar no local há uma missa geral.
Enfim, uma festa muito bonita, colorida e contagiante, bem parecida com nosso carnaval, por toda a semelhança dos desfiles e pela quantidade de álcool consumido. E realmente é uma festa de integração, pois peregrinos e turistas de todo o pais vem pra cá, assim como muitos gringos. Infelizmente, pela quantidade absurda de gente, não pude aproveitar mais, mas espero poder voltar um dia para ver por completo.

sábado, 9 de agosto de 2008

Neve!


O clima se parece com o da minha cidade no Brasil, São João da Boa Vista, com manhãs e noites frias e durante o dia um calor até que fortezinho. Aqui temos durante o dia uma média de 24ºC e a partir das 18h a temperatura desce rapidamente até uns 14ºC. Não é muito comparado com La Paz que a média durante o dia é de 15ºC e a noite facilmente chega-se a 3ºC. Santa Cruz de la Sierra é mais quente e tem praticamente temperaturas variando entre 25-30ºC.
Então, vivendo num lugar intermediário me surpreendeu acordadar nessa quinta-feira e olhar para os serros e ver a camada de neve. Não nevou a ponto de brincarmos, nem de tocarmos, mas é muito bonito ver a neve desaparecendo durante o dia e na manhã seguinte a cordilheira estar coberta novamente.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

O trânsito

Estava contando os dias para falar sobre esse assunto. Tudo o que sabia (não significa que seja verdade) é que os trens eram perigosos e que os ônibus eram como o daqueles filmes em que tem desde gente até galinhas.
Pois bem, cheguei no hotel em que passei os primeiros dias quase meia-noite e viemos de táxi. Obviamente os táxis a noite cobram mais, mas a surpresa foi que aqui na Bolívia não há taxímetros. Antes de entrar nos táxis você deve negociar com o motorista o valor que será cobrado. Mas nada que se preocupar: qualquer trajeto geralmente será mais barato que um trajeto de ônibus no Brasil. Todavia o que mais me surpreendeu é que o valor cobrado é referente ao número de pessoas que estão na viagem, ou seja, em alguns casos fica mais em conta viajar sozinho do que dividir as despesas!!!
Como a U fica distante do centro (felizmente moramos num lugar que melhor não há: somente há duas quadras do El Prado, o lugar onde fica tudo que há de bom na cidade) pegamos (há duas quadram também, hahaha!) o Z12, um bus da linha que vai até Tiquipaya, ou um taxi-trufi.
Esses últimos são o melhor: são como taxis modificados para caber 6 pessoas, mas na verdade tem preço fixo. Há diversas linhas para todos os lugares por 2 pesos (a moeda local é o boliviano, Bs, mas ninguém diz, talvez porque seja muito comprido). Aqui costumava ser como a China antes das Olimpíadas, cheio de bicicletas pelas ruas, mas com o advento do automóvel todos deixaram de pedalar.
Os buses são um caso a parte: são veículos extremamente velhos, tem pinturas bizarra e andam com lotação duplicada. Não são tão grandes como os do Brasil, só cabem 33 pessoas sentadas, mas geralmente andam neles (eu já passei por essa experiência) praticamente pendurado na porta.
Obviamente aumentou a poluição (pra se somar com a baixa umidade e minha rinite...) e causou um caos no trânsito. Só os motoristas daqui são capazes de entender a lógica que existe. Parece aquelas imagens do transito num pais do sudeste asiático.
Nunca houve fábrica de automóveis aqui. Aparentemente estão construindo uma de caminhões , apesar da relutância internacional de investir aqui por medo das privatizações e da falta de incentivo governamental. O que ocorre é que 90% dos carros que circulam são usado e de alguma marca japonesa. As vezes cruzo com algum carro brasileiro, mas são minoria. Para se ter um carro zero precisa-se ter muita grana, então quem tem carro zero (obviamente um carro japonês) tem um dos modelos mais caros, daqueles que se pouco vê até no Brasil. Então como todos os carros são velhos o pessoal não tem medo de bater, etc.
A cidade é antiga, dos tempos coloniais e muitas calles são estreitas e as calçadas também, então os engarrafamentos são frequentes. Logo pela manha já se formam filas e se ouve as buzinas. No entanto se ouve o tempo todo. É costume dos motorista buzinar para tudo: se acham que vai haver uma batida, se acham que você quer pegar o taxi, se acham que você não percebeu que vai ser atropelado, se encontram um conhecido, etc. E toda vez que buzinam eu caio na risada.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

A chegada

Bom, depois de horas de voo e espera, já que há atrasos constantes nas linhas internas, cheguei!
Fomos recebidos, eu e minha companheira de viagem Thaís, por dois alunos cabo-verdeanos no aeroporto e seguimos para o hotel.
Aqui na U, como todos chamam a Universidade Privada del Valle, há muitíssimos estrangeiros estudando, pois é barato em relação aos países de origem. Há gente de todos os lugares da América Latina, de Cabo Verde e 30% dos graduandos em Medicina são brasileiros. De intercambistas, além de nós dois, há um japonês agora.
As instalações da U são de dar inveja na maioria das Universidade brasileiras. Claro que em relação ao ensino estamos a frente (um tópico a se discutir depois), mas como a U é particular e tem 12 anos de historia, é cabível que tenham uma infra-estrutura tão boa.
Ela fica localizada beeem longe do centro. Leva aproximadamente 30 minutos de táxi-truffi e 40 de buses. Fica num bairro muito contrastante, Tiquipaya, onde há muitas comunidades pobres e casarões e colégios privados. Ao redor a vista é linda: podemos ver toda a Cordilleira de Tunari e boa parte da cidade.
Vir para cá todo dia me faz refletir muito sobre minha vida no Brasil. É piegas, mas tudo que temos talvez não damos o devido valor. No caminho de nossa casa aqui até a U passamos pela zona mais rica da cidade, passamos pela mais pobre; passamos por lugares muito bonitos e por terrões (que no fim me lembram da UNICAMP); por lugares tão áridos que me sinto no sertão brasileiro, e logo em seguida meia dúzia de cholas entram nos busão com todas suas roupas coloridas; enfim, há tanto contraste que minha rotina no Brasil parece tão simples... mas ces't la vie, vim pra cá pra ter esse tipo de experiências, ?

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

El inicio

Pois é, que loucura essa de vir para a Bolívia... é o que tenho dito a todos e realmente é o que sinto. Foi tudo muito rápido, parece que mandei a papelada há um mês e agora cá estou.
Primeiras impressões? Tenho que me conformar com a falta do acento 'til', com a falta de gás da Coca-Cola e com os constantes choques que tomo por causa da baixa umidade.
Nesses primeiros dias não tenho tido muito acesso a internet (por pura preguiça...), mas aos poucos vou contando algumas curiosidades e histórias que se passam por aqui. E com direito a fotos!
Hasta luego, amigos!