sábado, 30 de agosto de 2008

Refrescos

Essa semana eu fui muito feliz! Na U estão vendendo Guaraná Antártica!
Pra quem não sabe, além de ser meu refrigerante favorito, os refris daqui não são exatamente do meu paladar. A Coca é insossa, sem gás e tem um cheiro estranho. Tudo bem que meu paladar e o da Thá são bem diferentes (o meu é mais apurado, hahaha), mas essa Coquinha não me convence. Assim como a Fanta Naranja, a Sprite e a Fanta Mandarina. Essa última até tinha me atraído no começo, mas um problema é que não há muito padrão. As vezes está boa, as vezes nao.
Se bem que aqui tem Seven Up (uhu!). Não lembrava mais do sabor: é muito boa! Porém os méritos vão pra linha de refrigerantes Simba, da Coca-Cola Company, e para a Fresca, também da Coca. A Fresca é idêntica ao Simba Pomelo, que são idênticos a Schwepps. Têm também outros sabores, dos mais gostosos Piña e Papaya (tem também Guaraná e outros mais estranhos que não me lembro agora). Porém a bebida que mais me encantou por aqui é assunto pro meu próximo post.

sábado, 23 de agosto de 2008

Culto à...

Obviamente que aqui como o idioma é outro eu não esperava ouvir as mesmas musicas que no Brasil. E até me surpreendi com algumas coisas que tenho ouvido. Nada de Maná, Shakira ou Juanes. Eu pouco conhecia de música latina ou em castelhano, das que lembro as famosas argentinas (Attaque 77, Soda Stereo, Fito Paez, Bersuit Vergarabat, Motolov, Gotham Project, Él Mató a un Policía Motorizado), os mexicanos do Café Tacuba e aqueles Los Hermanos, ops, esses não.
Aqui quase não se ouve outra língua nas musicas, ainda mais com os fenômenos do reggaeton e da cumbia argentina. Praticamente é o efeito funk carioca repetido em nossos vizinhos sudamericanos. Aparentemente essa musica da massa que fala muita coisa suja e sem sentido pra maior parte da população toca em outros países que hablan españa. Em todo caso, pouca coisa que ouvi por aqui me agradou, mas o que mais tem me agradado são os filmes e a literatura.
Não os filmes que passam na TV, as peliculas inéditas no melhor sentido: hoje as 19h passará Hancock! Engraçado, no Brasil temos uma pirataria gigantesca, mas aqui vários canais passam as cópias telesync, ou seja, aquelas que são filmadas no cinema e caem na internet. Os filmes que tenho visto são muito bons, graças ao querido e novo amigo Alvarito, que tem um bom gosto muito grande. Me recomendou vários filmes em espanhol, não só alguns bolivianos, mas também argentinos, peruanos e mexicanos, todos excelentes. Ficam recomendados: El traco (boliviano), sobre um mega assalto que ocorreu na década de 70, e Voces inocentes (mexicano), ganhador de um Urso de Cristal em 2005 que fala sobre a guerra civil salvadorenha.
Outra coisa legal que conheci aqui é o grupo de comediantes Les Luthiers, 5 argentinos que desde o fim dos anos 60 fazem comédia musical. Muito bom, lembra um pouco os Monty Python, mas menos ácido.
Quanto à literatura logo que cheguei pedi dicas de autores bolivianos. Logo de cara Alvarito me disse: Marcelo Quiroga Santa Cruz com sua novela Los Desabitados. Ainda não consegui começar a ler por que estou lendo um livro de anedotas e Presidencia Sitiada, de Carlos Mesa, ex-presidente boliviano e historiador (inclusive tenho que comprar seu outro livro Historia da Bolivia para minhas aulas homônimas). Aqui ele narra sua ascensão desde jornalista à presidente, de um ponto de vista muito pessoal e subjetivo. Estou conseguindo entender muito mais a politica, de uma forma local e global, e principalmente a sociedade boliviana. Encerro esse post com um paragrafo seu que demostra meus objetivos aqui nesse país tao singular:
''Me volví a conocer, me reconocí quizás en una respuesta íntima. Era posible concectar dos percepciones en una sola, era posible hacer florecer la piel, desnudarla de la coraza gélida indispensable de lo intelectual. En esos pocos minutos entendí muchas cosas. Una fascinación, una forma seductora, un juego de abalorios peligroso, el vendaval veleidoso que hace que una misma masa te lleve al trono o al cadalso, porque la emoción es como un huracán que se lleva hasta la última brizna, a la gloria o al desastre.''

sábado, 16 de agosto de 2008

A Festa da Virgem de Urkupiña

Numa explicação rápida:
A Virgem de Urkupiña (também chamada de Urqupiña ou Urcupiña) é uma aparição da Virgem Maria, padroeira de Quillacollo, uma província de Cochabamba, e foi nomeada Patrona de la Integración Nacional pelo governo da Bolívia. Reza a lenda que a Virgem Maria apareceu para uma pastora que estava cuidando seu rebanho nas montanhas. Quando informou à população sobre seu encontro a menina disse que a Virgem havia aparecido na orqopiña, em quéchua "nas montanhas", daí o nome Urkupiña.
Fui nessa quinta para Quillacollo, quase uma hora de viagem por uma estrada que parece muito com o caminho entre Campinas e Americana, aquela transição entre cidade grande e uma menor cheia de industrias pelo caminho (ok, aqui não tem tantas, mas lembra muito).
Segundo Natanael, uma amigo cochalo, os bolivianos são um dos povos mais festivos do mundo: se não estão brigando estão com certeza festejando. E as festividades dessa ultima semana provaram isso: enquanto em Santa Cruz ocorreram violentos confrontos entre população e policia, aqui em Cochabamba tivemos 4 dias de festa.
As festividades em honra a Virgem se concentram nessa semana do dia 14 de agosto. Começa com a entrada autoctona, onde os indígenas e descendentes desfilam em homenagem à Urkupiña, numa demonstração incrível de como o povo daqui é tao sincrético como os baianos.
No dia seguinte vem a esperada "Fastuosa Entrada Folklórica" do dia 14.
Foram cerca de quinze mil bailarinos e músicos, muito parecido com o Carnaval de Oruro, mas em menores proporções (pelo que vi e ouvi). São diversos grupos: caporales, morenos, orureños, etc, cada qual com suas alegorias tipicas, musica de acordo com suas danças e uma alegria contagiante. Diz-se que mais de 500 mil pessoas frequentam a festa todo ano, a ponto da maior cervejaria de Cochabamba (a gostosa Taquiña produzir uma edição especial da lata para a festa).

Ontem, dia 15 de agosto tiveram missas por todo o dia e alguns grupos repetiram o desfile. Hoje talvez seja o ápice da festividade com a romaria às montanhas onde supostamente a Virgem apareceu. Saem durante a madrugada e ao chegar no local há uma missa geral.
Enfim, uma festa muito bonita, colorida e contagiante, bem parecida com nosso carnaval, por toda a semelhança dos desfiles e pela quantidade de álcool consumido. E realmente é uma festa de integração, pois peregrinos e turistas de todo o pais vem pra cá, assim como muitos gringos. Infelizmente, pela quantidade absurda de gente, não pude aproveitar mais, mas espero poder voltar um dia para ver por completo.

sábado, 9 de agosto de 2008

Neve!


O clima se parece com o da minha cidade no Brasil, São João da Boa Vista, com manhãs e noites frias e durante o dia um calor até que fortezinho. Aqui temos durante o dia uma média de 24ºC e a partir das 18h a temperatura desce rapidamente até uns 14ºC. Não é muito comparado com La Paz que a média durante o dia é de 15ºC e a noite facilmente chega-se a 3ºC. Santa Cruz de la Sierra é mais quente e tem praticamente temperaturas variando entre 25-30ºC.
Então, vivendo num lugar intermediário me surpreendeu acordadar nessa quinta-feira e olhar para os serros e ver a camada de neve. Não nevou a ponto de brincarmos, nem de tocarmos, mas é muito bonito ver a neve desaparecendo durante o dia e na manhã seguinte a cordilheira estar coberta novamente.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

O trânsito

Estava contando os dias para falar sobre esse assunto. Tudo o que sabia (não significa que seja verdade) é que os trens eram perigosos e que os ônibus eram como o daqueles filmes em que tem desde gente até galinhas.
Pois bem, cheguei no hotel em que passei os primeiros dias quase meia-noite e viemos de táxi. Obviamente os táxis a noite cobram mais, mas a surpresa foi que aqui na Bolívia não há taxímetros. Antes de entrar nos táxis você deve negociar com o motorista o valor que será cobrado. Mas nada que se preocupar: qualquer trajeto geralmente será mais barato que um trajeto de ônibus no Brasil. Todavia o que mais me surpreendeu é que o valor cobrado é referente ao número de pessoas que estão na viagem, ou seja, em alguns casos fica mais em conta viajar sozinho do que dividir as despesas!!!
Como a U fica distante do centro (felizmente moramos num lugar que melhor não há: somente há duas quadras do El Prado, o lugar onde fica tudo que há de bom na cidade) pegamos (há duas quadram também, hahaha!) o Z12, um bus da linha que vai até Tiquipaya, ou um taxi-trufi.
Esses últimos são o melhor: são como taxis modificados para caber 6 pessoas, mas na verdade tem preço fixo. Há diversas linhas para todos os lugares por 2 pesos (a moeda local é o boliviano, Bs, mas ninguém diz, talvez porque seja muito comprido). Aqui costumava ser como a China antes das Olimpíadas, cheio de bicicletas pelas ruas, mas com o advento do automóvel todos deixaram de pedalar.
Os buses são um caso a parte: são veículos extremamente velhos, tem pinturas bizarra e andam com lotação duplicada. Não são tão grandes como os do Brasil, só cabem 33 pessoas sentadas, mas geralmente andam neles (eu já passei por essa experiência) praticamente pendurado na porta.
Obviamente aumentou a poluição (pra se somar com a baixa umidade e minha rinite...) e causou um caos no trânsito. Só os motoristas daqui são capazes de entender a lógica que existe. Parece aquelas imagens do transito num pais do sudeste asiático.
Nunca houve fábrica de automóveis aqui. Aparentemente estão construindo uma de caminhões , apesar da relutância internacional de investir aqui por medo das privatizações e da falta de incentivo governamental. O que ocorre é que 90% dos carros que circulam são usado e de alguma marca japonesa. As vezes cruzo com algum carro brasileiro, mas são minoria. Para se ter um carro zero precisa-se ter muita grana, então quem tem carro zero (obviamente um carro japonês) tem um dos modelos mais caros, daqueles que se pouco vê até no Brasil. Então como todos os carros são velhos o pessoal não tem medo de bater, etc.
A cidade é antiga, dos tempos coloniais e muitas calles são estreitas e as calçadas também, então os engarrafamentos são frequentes. Logo pela manha já se formam filas e se ouve as buzinas. No entanto se ouve o tempo todo. É costume dos motorista buzinar para tudo: se acham que vai haver uma batida, se acham que você quer pegar o taxi, se acham que você não percebeu que vai ser atropelado, se encontram um conhecido, etc. E toda vez que buzinam eu caio na risada.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

A chegada

Bom, depois de horas de voo e espera, já que há atrasos constantes nas linhas internas, cheguei!
Fomos recebidos, eu e minha companheira de viagem Thaís, por dois alunos cabo-verdeanos no aeroporto e seguimos para o hotel.
Aqui na U, como todos chamam a Universidade Privada del Valle, há muitíssimos estrangeiros estudando, pois é barato em relação aos países de origem. Há gente de todos os lugares da América Latina, de Cabo Verde e 30% dos graduandos em Medicina são brasileiros. De intercambistas, além de nós dois, há um japonês agora.
As instalações da U são de dar inveja na maioria das Universidade brasileiras. Claro que em relação ao ensino estamos a frente (um tópico a se discutir depois), mas como a U é particular e tem 12 anos de historia, é cabível que tenham uma infra-estrutura tão boa.
Ela fica localizada beeem longe do centro. Leva aproximadamente 30 minutos de táxi-truffi e 40 de buses. Fica num bairro muito contrastante, Tiquipaya, onde há muitas comunidades pobres e casarões e colégios privados. Ao redor a vista é linda: podemos ver toda a Cordilleira de Tunari e boa parte da cidade.
Vir para cá todo dia me faz refletir muito sobre minha vida no Brasil. É piegas, mas tudo que temos talvez não damos o devido valor. No caminho de nossa casa aqui até a U passamos pela zona mais rica da cidade, passamos pela mais pobre; passamos por lugares muito bonitos e por terrões (que no fim me lembram da UNICAMP); por lugares tão áridos que me sinto no sertão brasileiro, e logo em seguida meia dúzia de cholas entram nos busão com todas suas roupas coloridas; enfim, há tanto contraste que minha rotina no Brasil parece tão simples... mas ces't la vie, vim pra cá pra ter esse tipo de experiências, ?

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

El inicio

Pois é, que loucura essa de vir para a Bolívia... é o que tenho dito a todos e realmente é o que sinto. Foi tudo muito rápido, parece que mandei a papelada há um mês e agora cá estou.
Primeiras impressões? Tenho que me conformar com a falta do acento 'til', com a falta de gás da Coca-Cola e com os constantes choques que tomo por causa da baixa umidade.
Nesses primeiros dias não tenho tido muito acesso a internet (por pura preguiça...), mas aos poucos vou contando algumas curiosidades e histórias que se passam por aqui. E com direito a fotos!
Hasta luego, amigos!